Todos perderam: Padre Eustáquio, Caiçara, Carlos Prates…

A falta de empenho da maioria dos moradores do Padre Eustáquio, Caiçara e bairros vizinhos impôs uma derrota simbólica à própria população.

A consulta pública organizada pelo site da Câmara Municipal de Belo Horizonte sobre o futuro do aeroporto Carlos Prates mostrou que apenas 223 pessoas participaram da enquete, que, embora não tenha peso como estatística, deixou clara a falta de interesse de muitos em participar de discussões importantes para a região.

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Paulo Henrique Lobato é jornalista com mais de 20 prêmios na carreira, passou pelo Grupo Record TV e jornais Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia e Diário do Comércio. Também é advogado. (31) 98477-7179 // noticiasdope@gmail.com

Em 2019, dois acidentes no Caiçara envolvendo aeronaves que decolaram do Carlos Prates resultaram em cinco mortos. No calor das tragédias, um incontável número de moradores usaram as redes sociais defendendo a transferência do terminal para outro local. Por causa deles, a Câmara organizou audiências públicas e elaborou uma consulta no site.

Havia cinco opções:
a) transferência para outro município de Minas Gerais.
b) transferência das atividades para outro aeroporto já em funcionamento.
c) permanência no local, com maior restrição nos horários de funcionamento e fiscalização.
d) transferência para outra região de Belo Horizonte.
e) permanência do aeroporto no mesmo local, mantendo ainda o horário de funcionamento.

A alternativa vencedora, com 57% dos votos, foi a que, na prática, mantém as coisas como estão. O resultado possibilita várias análises. A primeira é que as empresas que operam como escolas de aviação no Carlos Prates são mais organizadas que a população que defende o fim ou transferência do terminal. Donos, instrutores e clientes destas empresas votaram para que não ocorra nenhuma mudança. Juntos, tiveram 128 dos 223 votos.

Já a população que tanto reclama do aeroporto não somou 100 pessoas. Apenas 95 pessoas, numa região onde vivem mais de 100 mil habitantes, escolheram as demais opções. A enquete ficou no site por 30 dias.

Vale lembrar que a consulta pública não tem valor de decisão sobre o futuro do terminal, que este ano completa 76 anos. Independentemente da alternativa vencedora, um cenário é certo: nós, moradores da região, precisamos nos importar mais com o que ocorre ao nosso redor. Era melhor ter perdido a eleição não por 128 a 95, mas por 100 mil a 90 mil, por exemplo.

Em tempo, 2020 é ano de eleição: vamos participar mais das discussões de nossa cidade para sabermos escolher bem nossos representantes no Legislativo e no Executivo.

Paulo Henrique Lobato é jornalista com mais de 20 prêmios na carreira, passou pelo Grupo Record TV e jornais Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia e Diário do Comércio. Também é advogado. (31) 98477-7179 // noticiasdope@gmail.com