Literatura e cidadania

Paulo Fernandes – Olá, pessoal!

Você sabe qual a relação entre literatura e cidadania? A partir de hoje e nas próximas colunas, tratarei da literatura enquanto um instrumento poderoso de instrução e educação e como essa arte contribui para formação da criança-cidadã.

Em seu ensaio “O direito à literatura”, o crítico literário Antônio Cândido chama de literatura todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura e aparece, claramente, como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos.

Paulo Fernandes é professor, palestrante, escritor e contador de histórias
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O filósofo grego Aristóteles definiu o cidadão como todo aquele que tem o direito e, consequentemente, o dever de formar um governo. Mas sabemos que esse conceito sofreu uma evolução. Além disso, muda de acordo com cada sociedade.

O cidadão é aquele que tem direitos e deveres e é reconhecido como sujeito pleno e igual da sociedade. Já cidadania é a conquista de direitos e o cumprimento dos deveres.

A criança também é um sujeito de direitos e, por conseguinte, deve cumprir com seus deveres. Sabemos dos avanços em relação aos direitos da criança e adolescente e seus instrumentos de proteção internacionais e nacionais, mas não podemos nos esquecer dos deveres a serem praticados.

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Pensando na formação da criança no que diz respeito a sua cidadania, iniciei em 2018 um projeto em parceria com a Escola Municipal Maria de Rezende Costa cujo objetivo principal é a educação em direitos humanos, trabalhando direitos e deveres. Para isso, venho utilizando como instrumento a Literatura.

Mas como assim Literatura e Direitos Humanos? Isso é possível? Não há risco de doutrinação?

Meus amigos e amigas leitores, SIM! É possível e não há menor chance de doutrinação, pois o trabalho é feito de maneira séria e cuidadosa.

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Segundo Antônio Cândido, os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudiciais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática.

A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas.

A ideia do Rodas de Leitura: Literatura e Direitos Humanos surgiu em 2017, quando iniciei uma pós-graduação em Direitos Humanos e Cidadania, mas sua concretização se deu em 2018 primeiro na escola Estadual Padre Matias, com adolescentes, durando 8 meses.

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Desde setembro de 2018, o Rodas de Leitura acontece em parceria com a Escola Municipal Maria de Rezende costa e o Clube da Leitura, atendendo crianças entre 9 e 11 anos. Os encontros acontecem semanalmente e a partir da literatura trabalhamos direitos e deveres das crianças.

A cada encontro obras literárias são lidas e debatidas à luz do ECA, Declaração Universal dos Direitos da Criança, Constituição Federal e Declaração universal dos Direitos Humanos. Sempre com foco nos direitos e deveres da criança.

Você talvez se pergunte: mas por que reatar essa sua experiência aqui? É muito simples, para que possamos iniciar nossa série Literatura e cidadania a partir de um trabalho prático.

Nas próximas colunas tratarei de algumas obras lidas no Rodas de Leitura e quais os direitos e deveres abordados. Falarei também de outras experiências relativas ao nosso tema.

No mais, espero que possamos estabelecer aqui um diálogo e um bom debate acerca da formação da criança cidadã, tendo como instrumento a Literatura.

Até semana que vem!!