Carga pesada

Dona de um belo sorriso, Mônica Mordente, proprietária da Click Photos, perde a graça ao se lembrar da alta carga tributária no Brasil: “Porque freia o consumo”. Diretora no Jardim de Infância Padre Eustáquio, Júnia Resende perde o ritmo da felicidade diante dos impostos: “Porque não temos a garantia de boa aplicação deles”. Sócia na banca de revistas em frente à igreja católica do bairro, Maria Helena Jesus não sente alegria em ler as reportagens sobre tributos: “Porque o dinheiro não é bem aplicado pelos governos”.

Mônica, Júnia, Maria Helena e dezenas de comerciantes do Padre Eustáquio engrossam o coro de lojistas e prestadores de serviços de todo o país por uma reforma tributária justa, capaz de fomentar consumo, renda e empregos.

O peso dos impostos no Brasil fez o brasileiro pagar, de janeiro a maio de 2019, mais de R$ 1 trilhão ao poder público, estima a Associação Comercial de São Paulo.

É como se cada brasileiro trabalhasse 153 dias por ano apenas para pagar impostos, calculou o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O mesmo estudo mostra que o Brasil, entre 30 países analisados, tem uma das cargas tributárias mais altas do planeta, mas está no fim da fila quando o assunto é retorno dos tributos em serviços básicos à população.

“Queremos mudar essa realidade que reduz consideravelmente o poder aquisitivo do brasileiro. É muito tributo sem um retorno efetivo para a sociedade em forma de investimentos em serviços essenciais, como saúde e educação”, protestou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva.

Reportagem continua abaixo do vídeo

Foi por isso que o executivo e lojistas de todo o país aumentaram o coro contra os impostos neste 30 de maio, quando ocorreu o Dia Livre de Impostos. A data foi marcada pela venda de produtos sem o peso dos tributos. Daí, litro da gasolina foi negociado a R$ 2,52 e não a R$ 4,70. Calças jeans saíram a R$ 60 e não a R$ 100.

A diferença entre o preço real e o desejado se deve, sobretudo, à elevada carga tributária no Brasil, que freia o consumo, fecha lojas e fomenta o desemprego. “As pessoas não têm ideia do que é cobrado em impostos em cada mercadoria. E esse dinheiro vai para onde?”, indignou-se Mônica, a dona da loja de fotos no Padre Eustáquio. “O tributo não é revertido para a população como deveria”, cobra Maria Helena, proprietária da banca de revistas. “É uma pena!”, endossou Júnia, sócia do jardim de infância.

Análise da notícia
Claro que o brasileiro precisa pagar impostos, pois é com esta fonte de renda que o poder público mantém a máquina. O problema é a disparidade entre o valor arrecadado e o revertido à sociedade em serviços básicos. É preciso rever não só alíquotas, mas também o emaranhado de leis tributárias que, quase sempre, nem especialistas entendem.

Veja abaixo o tamanho dos impostos em alguns produtos

Gasolina 46%

Leite em pó 28,17%

Arroz 17,24%

Feijão 17,24 %

Óleo de cozinha 22,79%

Sal 15,05%

Açúcar 30,6%

Café 16,52%

Macarrão 16,3%

Farinha de trigo 17,34%

Biscoito 37,3%

Fonte: CDL-BH