Padre Eustáquio já foi a rua dos cinemas

Quem se recorda do São Carlos, Azteca, Padre Eustáquio e Progresso? Época de ouro, agora, só na lembrança…

O aposentado Idalmo Terezinho da Silva, de 64 anos, faz questão de esboçar o sorriso quando se recorda da época em que ia aos quatro cines ao longo da rua Padre Eustáquio: “Um tempo que não volta mais, pois fecharam as portas. Restou a saudade”. Para muitos moradores, sobretudo os mais novos, pode até soar estranho, mas a Padre Eustáquio já foi rotulada de o corredor dos cinemas em BH.

 

O São Carlos e o Azteca funcionavam no bairro Carlos Prates. Já o Progresso e o Padre Eustáquio, no bairro que homenageia o beato holandês.

 

Assim como quase todos os cines de rua do Brasil, os quatro não sobreviveram à especulação imobiliária, à concorrência com as salas de shoppings e à proliferação, na década de 1990, das videolocadoras.

 

O antigo São Carlos já teve seu glamour

O imóvel, hoje, clama por dias melhores

 

Quando mocinho, eu ia bastante às matinês do Padre Eustáquio. Ficava na esquina com a Cesário Alvim, onde hoje é parte do muro da paróquia. Aliás, o cine era um anexo da igreja. Antes dos filmes, a molecada trocava gibis. Sou fã de historinhas em quadrinhos até hoje”, disse Idalmo. 

 

A aposentada Darci Braga, de 72, adorava passear com os irmãos e os amigos no Progresso. “Me apaixonei pelas aventuras do Zorro e pelos filmes do Elvis Presley. Após os filmes, tomávamos o bonde para o Parque Municipal, no Centro”.

 

Depois que encerrou a atividade, o Progresso abrigou outras empresas. Foi lá que funcionou a danceteria Phoenix. E, por poucos meses, também um estacionamento pago. Atualmente é ocupado por uma academia de crossfit. Destinos diferentes tiveram os cines do Carlos Prates.

 

 

O prédio do Azteca foi jogado no chão. Aberto em 1950, funcionava no número 120, em frente à praça São Francisco das Chagas, com capacidade para 758 pessoas. Os jovens namoravam nos bancos em frente à igreja à espera de filmes como o italiano Dio, come ti amo, dirigido, em 1966, por Miguel Iglesias e estrelado por Gigliola Cinquetti.

 

Na ficção, ela interpreta uma jovem de classe baixa que se apaixona pelo rico noivo de sua melhor amiga. Moradora do bairro, Sandra de Paulo assistiu o clássico 13 vezes: “E chorei as 13 vezes”. Vários outros sucessos foram exibidos no prédio que não existe mais. O que já foi uma chamativa fachada, atualmente, é um muro pichado.

O Azteca já foi um prédio imponente…

… que não existe mais.

 

Perto de lá, em frente ao número 75, funcionava o São Carlos, que ocupava um imóvel de dois pavimentos. As portas de ferro, típicas dos cines da segunda metade do século passado, não existem mais. O prédio ainda abrigou uma casa noturna, a Radical Green, onde o VJ Julião Villas fez sua primeira apresentação. “Foi no começo da década passada, num show do Black Alien”, recordou.

 

O estabelecimento, porém, não vingou. Hoje, a fachada do São Carlos deu lugar a grafites e a pichações. Como disse se Idalmo, o aposentado fã de gibis, o fim dos cinemas na Padre Eustáquio é um tempo que não volta mais: “Restou a saudade”, repetiu.

 

Esta reportagem também foi publicada na edição impressa do Jornal do Padre Eustáquio (veja abaixo). Se desejar sugerir uma reportagem ou anunciar sua empresa tanto no site quanto na versão impressa ou redes sociais, envie um zap para (31) 98477-7179.

 

 

 

 

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