Ser padreeustaquiano é…

O representante comercial Alexandre Morandi, de 50 anos, é padreustaquiano. Da mesma forma, a securitária Sandra de Paulo, de 59. A palavra, estranha a muita gente, faz parte do vocabulário de quem mora no bairro Padre Eustáquio desde que nasceu.

“Isto é ser padreeustaquiano”, explica Alexandre. É viver o dia a dia do bairro que surgiu do loteamento da antiga fazenda Pastinho, onde havia grande quantidade de nascentes d’água e cujo nome homenageia o ex-morador mais famoso – o beato holandês chegou a BH em 1942 e faleceu em 1943.

Ser padreeustaquiano é colecionar histórias do terceiro bairro mais populoso da capital, com 28 mil moradores, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Bairro que homenageia o beato holandês abriga 28 mil moradores. Crédito: Paulo Henrique Lobato

É saber que os ponteiros marcam 18h sem precisar olhar para o relógio, pois o alto-falante do santuário dos Sagrados Corações o lembra do horário quando começa a cantar a Ave-Maria.

Ser padreeustaquiano é subir ou descer a ladeira da rua Bela Vista para apreciar a paisagem da serra do Curral. É parar na esquina da Progresso com a Padre Eustáquio e ouvir dos mais antigos que lá era o ponto final dos bondes que deslizavam sobre trilhos até o Centro.

Palmeiras imperiais são observadas de vários lugares do bairro. Crédito: Paulo Henrique Lobato

É poder observar, de vários lugares, as imperiais palmeiras na Costa Sena. É saber que a rua Padre Eustáquio já foi chamada de Estrada para Contagem, pois, antes da abertura da Via-Expressa, era o principal caminho entre a capital e a cidade vizinha.

Praça Geraldo Torres: onde foi parar a fonte d’água? Crédito: Paulo Henrique Lobato

Ser padreeustaquiano é ir ao Centro Cultural, na rua Jacutinga, e saber que a feira que ocupa metade do imóvel foi o principal ponto de abastecimento da região.

 

Também é passear na praça Geraldo Torres, apelidada de Nino. Os moradores mais antigos, certamente, sentirão a falta de uma estrutura que marcou época. Os mais atentos olharão para o centro do cartão-postal e se perguntarão: “Cadê a fonte d’água?”.

Conjunto Santos Dumont: uma cidade dentro do bairro. Crédito: Paulo Henrique Lobato

Ser padreeustaquiano é visitar os amigos no Santos Dumont, conjunto que tem origem numa antiga cooperativa montada pelo ex-morador Wups de Oliveira, hoje nome de rua.

O conjunto é como se fosse uma cidade dentro do bairro. Mais de 4 mil pessoas habitam as centenas apartamentos. À noite, moradores se reúnem para bate-papo nos bares da rua Ingaí e na quadra do Santos Dumont.

“Ser padreeustaquiano é demorar a voltar para casa, porque sempre há um bom papo em cada quarteirão”, acrescenta Sandra.