Mais de 1.000 acidentes no Padreco. Até quando?

“Um ônibus avançou o semáforo na Padre Eustáquio, bateu no carro que descia a Vila Rica e o empurrou contra o poste. Um barulho alto. A senhora que estava no automóvel, infelizmente, morreu”, recorda João Paulo Ribas, dono da banca de revistas numa das esquinas do perigoso cruzamento.

A cena que ele narrou não é rara no bairro. É o que revelou um levantamento elaborado pelo Batalhão de Trânsito da Polícia Militar a pedido do Jornal do Padre Eustáquio: 1.016 acidentes foram registrados em 2017.

Quem avançou o semáforo? Foto: Paulo Hentique Lobato

O balanço fez do Padre Eustáquio o terceiro bairro com maior número de ocorrências em Belo Horizonte, atrás apenas do Centro (3.065) e do Santa Efigênia (1.485). Outro balanço mostra que uma via que margeia o Padre Eustáquio está na lista das mais perigosas da cidade.

Trata-se da avenida Pedro II. Diagnóstico da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) concluiu que o corredor ocupou a sétima posição no ranking daqueles com o maior número de acidentes com ao menos uma vítima fatal ou grave ou inconsciente. Foram 40 ocorrências. (continua após a publicidade)

 

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E não é preciso ser especialista para constatar que a imprudência é a principal causa dos acidentes. No fim do ano passado, João Paulo, o dono da banca de revistas, ficou impressionado com outro acidente na esquina em que trabalha: um ônibus que sequia pela Padre Eustáquio e uma moto que descia a Vila Rica bateram.

O veículo de duas rodas foi parar debaixo do coletivo. Por sorte, o motociclista e o garupa sobreviveram. O capacete de um deles destruiu o vidro do ônibus. Quem passou pelo local custou acreditar que não houve vítima fatal. Um dos veículos desrespeitou a luz vermelha do semáforo. (continua após a publicidade)

Acidentes ainda são frequentes em cruzamentos com placas de parada obrigatória. Um deles foi no da Riachuelo com Costa Sena. No fim de 2017, a pancada entre dois carros foi tão forte que um deles capotou. Mais uma vez, por sorte, motoristas e passageiros sobreviveram.

Para reduzir a estatística e ao mesmo tempo exterminar gargalos que deixam o tráfego confuso, a BHTrans implantou um pacote de mudanças no trânsito do bairro. Cruzamentos que davam nó na circulação, como o da Jacutinga com Vila Rica, ganharam semáforos. (continua após a publicidade)

Em outros corredores, construção de quebra-mola e a pintura de faixas de pedestres. Nova medida foi a implantação de áreas reservadas para motos na Padre Eustáquio, conhecidas como motobox.

“É um espaço específico para a motocicleta parar à frente dos veículos e não prejudicar os pedestres”, disse o diretor de sistema viário da BHTrans, José Carlos Mendanha Ladeira. Mas todo investimento só dará resultado se condutores e pedestres respeitarem as leis de trânsito.

Esta reportagem foi publicada na versão impressa do Jornal do Padre Eustáquio. Se desejar sugerir uma reportagem ou anunciar sua empresa tanto no site quanto no jornal impresso ou redes sociais, envie um zap para (31) 98477-7179.