Escola Cristiano Machado de mãos dadas com a ciência e a cultura

 Quando ciência e cultura andam de mãos dadas tudo fica mais divertido. E tanto aprender quanto ensinar passam a render bons frutos a alunos e professores. É o que ocorre na tradicional Escola Estadual Cristiano Machado, no bairro Padre Eustáquio, onde a Feira de Ciência na manhã do último sábado (28/10) atraiu um bom público. Todos saíram com um sorriso no rosto. Pudera: desfrutaram de atrativos como peça de teatro, sarau literário, varal com ilustrações de capas de livros e revistas, maquetes que estimulam a preservação do meio ambiente e, claro, boas prosas com os amigos.

“Nosso objetivo maior é a interação da comunidade com a Cristiano Machado. Queremos mostrar que nossa escola está aberta a todos que quiserem participar”, convidou Jeane Pereira Dornelas Albuquerque, diretora da instituição de ensino que homenageia a memória do político que governou Belo Horizonte, de 1926 a 1929, e entrou para a história como o prefeito que fundou o Mercado Central, cartão-postal da capital.
Se vivo fosse, Cristiano Machado teria 124 anos. E certamente iria aplaudir os alunos e professores que organizaram a Feira de Ciência na escola batizada com seu nome. Notaria ainda que nem mesmo a garoa fina que encobriu o céu do Padre Eustáquio na manhã de sábado desanimou os estudantes. Tanto os do ensino fundamental quanto os do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) acordaram cedo para o evento. Alguns ficaram com um friozinho na barriga; afinal, iriam apresentar a peça Romeu e Julieta, do inglês William Shakespeare (1564-1616). Foi o ponto alto da feira. Quem assistiu se divertiu: os atores arrancaram aplausos, risos e elogios.
 
No palco improvisado, na cantina, o espaço foi pequeno. Ah se a garoa não tivesse chegado naquela manhã… Quem sabe o teatro ocorresse próximo à mangueira? A imponente árvore, a poucos metros do portão principal, parecia dar as boas vindas aos convidados. O vento balançava as folhas de um lado para outro. Era manha de frio… Também de festa… E até a biblioteca do lugar ganhou presentes. Um dos objetivos da Feira de Ciência foi estimular os alunos a arrecadar livros por meio de uma gincana. Deu certo. Várias obras, agora, estão disponíveis nas prateleiras de lá. Quem conta – e com satisfação – é a diretora: “Uma turma, num primeiro momento,conseguiu 150 obras de literatura”.

Meio ambiente em questão: todos precisam abraçar esta bandeira

 Quem foi à Cristiano Machado conheceu ainda as maquetes feitas pelas amigas Dana Maria Maia, Dorotéia Rita Ribeiro, Sônia Miranda e Marlene Abrahão, do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Uma maquete mostra como é a cidade limpa, que preserva o meio ambiente. A outra trata do oposto:  o município que não cuida da natureza, onde o lixo mata o rio. Também mostra o crescimento desorganizado”, comparou Dana. “Também fizemos cartazes. Este, por exemplo, mostra o desastre causado pelo estouro da barragem (de Fundão), em Mariana, de propriedade da Samarco”, acrescentou Dorotéia.

Davidson e Gilvan ressaltaram a importância da cultura negra

Próxima a elas, a dupla de amigos Vinícius dos Santos e Gilvan Pereira fizeram um grande mural para divulgar a história do negro no país. “É um tema que é fácil e ao mesmo tempo difícil de ser abordado. Há um ensinamento muito correto: ‘Não precisamos de um dia da consciência negra, branca, parda, amarela, albina… Precisamos de 365 dias de consciência humana’.”, destacou Vinícius. Ele e o amigo distribuíram pirulitos com mensagens contra o racismo.”Há uma frase de Haile Selassie que diz assim: ‘Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra'”, leu Gilvan. Para quem não sabe, Haile Selassie (1892-1975) foi imperador na Etiópia.
O ponto alto da feira foi o teatro encenado por dezenas de alunos da escola. A peça Romeu e Julieta arrancou aplausos e elogios. Quem não pôde ir, fica o convite para o próximo ano. A Cristiano Machado fica na rua Francisco Bicalho, esquina com a José do Patrocínio, próximo a Via-Expressa.
 
 Saiba mais sobre o político que dá nome à tradicional escola do bairro: Cristiano Machado é mineiro de Sabará. Nasceu em 1893, quatro anos antes da fundação da capital mineira, e faleceu em 1953. Em 1929, o político fundou o Mercado Central, mas o local era bem diferente da estrutura atual. O local, na prática, era um aglomerado de barracas num campo aberto. Cresceu, ganhou importância e se transformou no cartão-postal da cidade. Foi candidato à presidência da República na década de 1950, mas perdeu a eleição para Getúlio Vargas. Três anos depois foi nomeado embaixador do Brasil no Vaticano. Morreu, entretanto, antes de ser empossado no cargo.

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